CONCURSOS PASSAM A USAR CHIP’S EM TÊNIS DE CANDIDATOS NOS TESTES FÍSICOS
Chips utilizados em corridas de rua e
maratonas são a nova tecnologia disponível para reduzir o número de recursos e
contestações na Justiça em provas físicas de concursos públicos. Os
dispositivos eletrônicos são baseados na tecnologia RFID (Radio Frequency
Identification - Identificação por Rádio Frequência), em que o chip é colocado no
tênis do candidato para determinar o tempo gasto no percurso da corrida. O sistema já é
utilizado na São Silvestre, a maior corrida de rua do Brasil, e na Maratona de
Nova York, nos EUA.
O chip, que é uma etiqueta autoadesiva
presa na parte de cima e do lado de fora do tênis, foi usado no teste de
aptidão física, especificamente nas duas modalidades de corrida, do concurso do
Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, organizado pela
Fundação de Apoio ao Cefet (Funcefet), que ofereceu 100 vagas para o cargo de
soldado para a atividade de condutor e operador de viaturas. A prova foi
aplicada no último dia 27 de outubro para 400 candidatos.
"Resolvemos usar o chip porque ele
mostra milimetricamente o que o candidato fez. Na forma tradicional, a contagem
do número de voltas é questionável", ressalta Valdir Azevedo,
coordenador-geral de concursos da Funcefet.
O sistema funciona da seguinte forma: o candidato coloca o
chip no tênis, que armazena o nome e número de inscrição de cada concorrente e
o tempo que levou para completar a prova. Na largada e na linha de chegada do
percurso, um sistema de detecção de antenas capta instantaneamente a passagem
do tênis com o chip do candidato. Os dados vão para um computador que informa o
tempo da corrida, logo após o participante terminar a prova.
O teste de aptidão física também contou
com câmeras, que filmaram todas as provas da etapa: corrida de meio fundo (2,4
mil metros no tempo máximo de 13 minutos em duas tentativas), corrida de
velocidade (100 metros em no máximo 17 segundas com duas tentativas),
abdominal, barra, natação e dinamometria manual.
'Tínhamos que arrumar uma forma que
fosse inquestionável e foi isso o que ocorreu. Abrimos o prazo para recurso e
não tivemos nenhum', relata Azevedo.
Custos
Com o custo de R$ 10 mil, os
equipamentos foram alugados de uma empresa especializada em materiais de
corridas de rua. De acordo com a organizadora Funcefet, o número de pessoas contratadas
para acompanhar a prova foi reduzido por causa do uso do sistema.
'Hoje em dia, a tecnologia e os
computadores são usados em tudo e o concurso não podia ficar de fora', comenta
Azevedo. Segundo ele, o valor da locação dos chips não impactou na taxa de
inscrição, de R$ 100, nem no cronograma da seleção.
O concurso teve 26 mil inscritos - 400
candidatos fizeram o teste físico e 285 foram aprovados para a próxima fase,
que é o teste de habilidade específica (direção).
Benefícios
Elon Junior, especialista em preparação
para provas físicas, autor do livro "Preparação física para
concursos" e subtenente do Corpo de Bombeiros do RJ, diz que o uso de chip
é uma novidade nas provas de concursos públicos e deve se tornar tendência,
pois traz diversos benefícios para a transparência das seleções.
Ele cita como benefícios a diminuição
de erro humano na marcação do tempo e distância, já que hoje em dia há inúmeros
recursos judiciais para corrigir resultados por conta de registros incorretos;
e a agilidade na avaliação, pois no processo manual leva-se um tempo maior e,
consequentemente, o processo se arrasta por horas, levando o candidato a um
desgaste físico e psicológico no dia da prova. "Sem contar que a hora vai
passando e alguns chegam a fazer a prova por volta de meio-dia, horário
impróprio por conta da elevada temperatura", diz.
O professor afirma alguns de seus
alunos que fizeram a prova do concurso com o chip aprovaram o método. 'Muitas
vezes fiscais costumam se distrair e deixar de contar uma volta, por exemplo',
explica. Elon diz ainda que muitas instituições já utilizam câmeras durante as
provas justamente para futuras comprovações em caso de recursos de candidatos.
Concurso
O concurso do Corpo de Bombeiros
Militar do Estado do Rio de Janeiro oferece 100 vagas e formação de cadastro de
reserva para o cargo de soldado para a atividade de condutor e operador de
viaturas. Do total das vagas, 20% são reservadas para candidatos negros ou
índios. O valor do salário não foi divulgado.
Para participar da seleção, os
candidatos devem ter nível médio completo, carteira de habilitação categoria C.
Também são permitidas as categorias D ou E. Os interessados não devem ter idade
igual ou superior a 51 anos na data da posse.
O concurso é composto por 6 etapas:
exame intelectual, avaliação de títulos, teste de aptidão física, teste de
habilidade específica, exame de saúde e exame social documental. Após o exame
intelectual, 400 candidatos serão convocados para a avaliação de títulos e para
o teste de aptidão.
Fonte: G1
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